Foi uma campanha bem-sucedida: Jair
Messias Bolsonaro, 63, repetiu à exaustão seus bordões: tolerância
zero com a corrupção, críticas fortes à esquerda e ao
PT, defesa dos valores familiares conservadores e maior liberdade
para a polícia agir sem ser punida por excessos em operações, com
espaço garantido para o "cidadão de bem" e ações pelo
bem do Brasil.
Neste domingo (28), Bolsonaro foi
eleito com 55,1% dos votos. Depois de sete mandatos como deputado
federal, Bolsonaro, ou o "Mito", como seus seguidores
gostam de chamá-lo, ganhou a eleição ao embalar-se como novo e
colocar-se como o candidato que vai enfrentar o velho sistema
político. Nos anseios de seu eleitor, com sede de mudança e cansado
de um sistema político que se desgastou com casos de corrupção, o
militar é o melhor nome para dar um jeito no país.
O cansaço contra a corrupção, o
desgaste da política tradicional, a descrença de grande parte da
população no PT, desejo de ordem e valorização da
família são alguns dos ingredientes que provavelmente em
algum momento passaram pela cabeça de eleitores que digitaram 17 na
urna e elegeram o candidato que usou o slogan "Brasil acima de
tudo, Deus acima de todos".
Escolhido pelo povo, o capitão da
reserva do Exército vai assumir a partir de janeiro um país em
crise econômica, com as contas públicas no vermelho, quase 13
milhões de desempregados, PIB com previsão de crescimento de apenas
1,4%, e com elevados índices de violência -- foram mais de 63 mil
homicídios em um ano.
Ele terá também o desafio imediato
de pacificar o país. Mesmo com a vitória, mais de 47 milhões
votaram no candidato do PT, Fernando Haddad, e o clima da disputa
deixou um ar beligerante entre seguidores dos dois candidatos.
Amigos, colegas de trabalho e famílias brigaram por divergências de
voto durante a campanha. Militantes políticos ligados a diferentes
posições entraram em clima de guerra nas redes sociais e não
faltaram provocações nas ruas, com muitos casos de agressividade
verbal e até violência física.
Algumas declarações suas e de seus
aliados sobre o tratamento a instituições da Justiça, à imprensa
e a direitos dos cidadãos durante a campanha levaram a reações de
críticos seus sobre possíveis ameaças à democracia, Como
presidente da República e diante da missão de governar para todos,
Bolsonaro também precisará abrir diálogo com o Congresso Nacional
e com o Judiciário. Nos últimos dias de campanha, Bolsonaro tentou
moderar o discurso sobre propostas consideradas mais polêmicas e
prometeu respeitar a Constituição e preservar os direitos dos
cidadãos.
Em Barbosa Ferraz, Jair Bolsonaro
venceu por 58,40% (3707), contra 41,60% (2641) de
Fernando Haddad. Os eleitores de Bolsonaro se concentraram na praça
do Povo e fizeram uma grande carreata para comemorar a vitória do
candidato.
Fonte: Luciana Amaral e Eduardo Militão do UOL/Brasilia.
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