O Ministério da Saúde deu prazo de 40 dias para que cada estado organize a espera por cirurgias eletivas no SUS numa lista única. Manoel Vicente está na fila há três anos para operar o ombro. “Já vim
diversas vezes na sala do chefe de cirurgia perguntar se tem alguma
previsão, ele falou que não tem, que não tinha material”, conta o
mecânico.
Dona Maria Lúcia, aos 71 anos, tem catarata, enxerga muito pouco, e não
consegue a cirurgia. “Eu não tenho as pernas boas, e, sem enxergar,
qualquer coisa eu estou caindo. Eu não posso sair de casa mais sozinha”,
diz a aposentada.
Os dois aguardam as cirurgias em hospitais diferentes do Distrito
Federal, sem saber se a fila é menor em outro local. Brasília não tem um
cadastro único para cirurgias eletivas, as que não são de emergência. A
Secretaria de Saúde nem sabe quantos pacientes esperam por uma
cirurgia. O Ministério da Saúde já tinha exigido que cada estado reunisse as
informações de espera por cirurgias. O prazo terminou em abril, mas as
filas continuam desorganizadas.
Em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, por exemplo, a espera ainda é dividida por hospital. Não há um cadastro único para direcionar o paciente de um hospital onde a fila é maior, para outro, em que a espera é menor. Em São Paulo, as listas são controladas pelos municípios. O estado
disse que vai pedir as informações para encaminhar ao governo federal.
Em Minas Gerais, até há um cadastro, com 138 mil pessoas, mas que não
inclui duas das cidades mais populosas, Belo Horizonte e Uberlândia. O Ministério da Saúde decidiu endurecer a cobrança. As Secretarias de
Saúde terão 40 dias para criar os cadastros únicos. Quem não enviar as
informações vai ficar de fora da distribuição dos R$ 360 milhões para os
mutirões de cirurgias e terão bloqueados futuros repasses.
É uma tentativa de reduzir as filas de espera. Nem mesmo o Sistema Único de Saúde, o SUS,
sabe o número certo de brasileiros que precisam de cirurgia eletiva e
muito menos em quais especialidades. Estima que sejam no mínimo 800 mil
pessoas. Dona Cristina conhece bem essa dor. Há mais de um ano rompeu os meniscos dos dois joelhos. Sem previsão para operar.
“Tem noite que não durmo. Amanhece o dia e não dormi nem um segundo
porque é muita dor. Fico procurando posição. Deito de bruços, não dá.
Deito de lado, não dá. De todo jeito dói”, diz a dona de casa Cristina
Ferreira de Freitas.
Fonte:Jornal Nacional
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