
Operação
"Carne Franca" da Polícia Federal também prendeu empresário de
Apucarana. O esquema vendia carne vencida como se fosse legal. Ministro
Serraglio e ex-assessor do Deputado Sérgio Souza, foram citados
Operação
em frigoríficos revela que carne vencida e moída com papelão era
vendida no país A maior operação da história da PF mira os grandes
frigoríficos do país. A Justiça expediu 38 mandados de prisão contra
pessoas ligadas a frigoríficos e ao Ministério da Agricultura nesta
sexta-feira (17). Os presos são suspeitos de burlar a fiscalização
sanitária e vender carne contaminada e vencida.
A operação, batizada de
Carne Fraca, foi deflagrada pela PF de Curitiba. Dos 34 funcionários
públicos federais investigados, 20 foram presos até o começo da tarde.
Também foram presos executivos de grandes grupos - Ronei Nogueira dos
Santos, gerente de relações institucionais governamentais do grupo BRF e
também o diretor do grupo André Luis Baldissera e o funcionário empresa
da JBS, Flávio Evers Cassou.
A operação mobilizou 1.100 policiais
federais principalmente nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás. A
Polícia Federal diz que grandes frigoríficos de todo o Brasil pagavam
propina para vender produtos vencidos e até carne moída com papelão. No
despacho, o juiz Marcos Josegrei da Silva afirma que o
ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná
Daniel Gonçalves Filho e a chefe do departamento de inspeção de produtos
de origem animal do Ministério da Agricultura, Maria do Rocio
Nascimento eram os chefes do esquema. Um dos frigoríficos investigados é
o Larissa, que tem uma filial em Iporã, interior do Paraná. Em uma
conversa gravada em maio de 2016, o dono Paulo Rogério Sposito, manda um
funcionário usar produtos vencidos há três meses.
ESCUTA - Funcionário: seu Paulo. Paulo Sposito: oi. Funcionário: achamos umas paletas 127, que estão vencidas desde fevereiro. Manda embora ou deixa na produção pra eles usar? Paulo Sposito: deixa na produção pra eles usar.
Paulo Sposito é um dos presos. Em Goiás, o principal apontado como
responsável pelo esquema é o chefe do departamento de inspeção de
produtos de origem animal, Dinis Lourenço da Silva.
No despacho do juiz,
está escrito que Dinis "viabilizou a manutenção em funcionamento de
unidade da BRF em Mineiros (GO) cuja indicação era de suspensão de
atividades”. Ainda de acordo com as investigações, a fábrica da BRF em
Mineiros estava contaminada pela bactéria salmonela e mesmo assim
continuou exportando carne para a Europa. Outro grande frigorífico
investigado é o JBS. Em uma conversa entre o gerente de produção do
frigorífico, Luiz Fossati, e um funcionário, eles falam em colocar
papelão junto com a carne moída, que eles chamam de cms.
ESCUTA - Funcionário: o
problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa
ainda. Eu vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora se eu não
consegui em papelão, daí infelizmente eu vou ter que condenar.
Luiz Fossati: ai tu pesa tudo que nós vamos dar perda. Não vamos pagar rendimentos isso.
Na entrevista coletiva o delegado da Polícia Federal disse que um dos
fatos descobertos nas investigações também foi a fraude no fornecimento
de carne para merenda escolar com a troca de ingredientes mais baratos
do que a carne bovina. “Inclusive há uma dessas empresas investigadas
que fornecia alimento, merenda escolar pro estado do Paraná, que não
havia composição de carne dentro da substância. Ganhou a licitação e
dentro dessa licitação, não havia composição ideal que era obrigatório
pras merendas escolares”, disse o delegado da PF Maurício Moscardi
Grillo.
Por meio de nota, em relação à operação realizada pela polícia
federal na manhã de hoje, a JBS afirmou que não há nenhuma medida
judicial contra os seus executivos e que três unidades produtivas da
companhia foram alvo da operação de hoje. Declarou também que a JBS, no
Brasil e no mundo, adota rigorosos padrões de qualidade, e que tem
certificações emitidas por entidades reconhecidas. A companhia disse
estar à disposição para esclarecer os fatos. O frigorífico Souza Ramos
não retornou às nossas ligações e o Larissa não vai se manifestar.
A BRF
informou que está colaborando com as investigações. O Jornal Hoje não
conseguiu contato com Dinis Lourenço da Silva, nem com Daniel Gonçalves
Filho e Maria do Rocio Nascimento. O PMDB disse que desconhece o teor da
investigação.
MINISTRO SERRAGLIO -
O Ministro da Justiça, que é do Paraná e foi empossado recentemente,
Deputado Osmar Serraglio, apareceu nas ligações telefônicas do esquema,
interceptadas pela Polícia Federal. Ele pediu ao chefe do esquema,
Daniel Gonçalves, que interferisse numa ação em que poderia resultar na
interdição de um frigorífico do Paraná.
O Fiscal responsável pelo caso
foi substituído.. A Polícia Federal enviou a conversa para a
Procuradoria-Geral da República - que afirmou não ter encontrado
indícios de irregularidades da atuação do ministro. Em nota, o
Ministério da Justiça informou que Serraglio só ficou sabendo hoje que
seu nome apareceu na investigação e destacou o fato de nem o Ministério
Público e nem o juiz do caso terem visto ilegalidade na conversa
gravada.
DEP SÉRGIO SOUZA - O
Deputado do Paraná, Sérgio Souza, que é Arapuã, no Vale do Ivaí,
esclareceu que Ronaldo Troncha, que aparece nas gravações que
desencadearam a Operação Carne Fraca da Polícia Federal, não é mais seu
assessor desde o ano passado, e que os fatos datam da época em que o
mesmo não trabalhava em seu gabinete. “No período que foi assessor,
Ronaldo desempenhou suas funções com dedicação e, até onde o conheço, é
pessoa ilibada e responsável ”, afirmou o parlamentar.
APUCARANA –
Na cidade de Apucarana, no Vale do Ivaí, também foi alvo da operação da
Polícia Federal, denominada "Carne Fraca". Segundo informações, pelo
menos três empresas do ramo de frigorífico foram visitadas em Apucarana,
assim como também frigoríficos de Arapongas e Rolândia. Foram
divulgados nomes como: Big Frango; Frigobeto Frigoríficos; Frigorífico
Oregon e Unifrangos.
O Jornal Tribuna informou que os empresários da
Oregon, são: Nilson Alves Ribeiro e Nilson Umberto Saccheli Ribeiro, os
quais tiveram prisões preventivas decretadas, e Orestes Alvares Soldorio
prisão temporária. Os empresários, José Nilson Sacchelli Ribeiro
(Oregon) e Domingos Martins (Unifrango),
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela participação.