Estudante disse que "Querem formar um exército de não pensantes”
Para
aqueles que são críticos a postura de Alunos que tem ocupado escolas no
Paraná, vale a pena ouvir a estudante Ana Julia Ribeiro, 16 anos, da
escola estadual Senador Manuel Alencar Guimarães, que fez um discurso na
Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), nesta quarta-feira (26 de
outubro), sobre o movimento “Ocupa Paraná”.
O Site da Assembleia,
divulgou a seguinte nota: Estudantes
que integram o movimento de ocupação das escolas do Paraná participaram
da sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná nesta
quarta-feira (26). Depois do amplo debate sobre o assunto realizado na
sessão da terça-feira (25), com a participação de representantes do
Movimento Desocupa Paraná, o deputado Tadeu Veneri (PT) solicitou que
defensores das ocupações também utilizassem a tribuna, no que foi
atendido pelo deputado Ademar Traiano (PSDB), presidente da Alep.
A
estudante Nicoly Moreira do Nascimento, 15 anos, aluna do Colégio
Estadual Santa Felicidade, defendeu as ocupações por acreditar que o
movimento é pacífico e luta por uma educação melhor. “O que me motivou a
estar aqui hoje foi saber que tem muitas pessoas que ainda estão
apoiando (o movimento). Que dentro do movimento tem jovens querendo
educação.
A gente não está para fazer bagunça. A gente quer apenas
educação. Estamos aqui para defender as ocupações que são pacíficas,
ocupações onde a gente não tem intenção de prejudicar ninguém. Todos
querem ter o direito à educação. A gente também quer, mas não quer ter o
direito de estudar para tirar um seis e passar de ano. Quer ter o
direito de estudar para obter conhecimento. Uma reforma dessa forma
(como propõe o governo federal) é horrível.
A reforma tem que vir desde a
base”. Em seu discurso, Ana Júlia Pires Ribeiro, 16 anos, estudante do
Colégio Estadual Senador Manoel de Alencar Guimarães, reconheceu a
necessidade de reforma do sistema educacional, mas afirmou que a Medida
Provisória em tramitação no Congresso Nacional tem falhas. A aluna
agradeceu a oportunidade de apresentar a opinião do movimento. “Foi um
grande privilégio poder estar aqui representando o movimento estudantil.
Eu gostei de a gente também conseguir expor o nosso lado”.
Ana Júlia
também falou sobre a violência no ambiente escolar. “É uma coisa
rotineira. Todos os dias a gente tem essa preocupação com os estudantes,
que por algum motivo estão envolvidos em alguma coisa desse jeito. Não é
algo com que o movimento tenha alguma relação. Infelizmente, o caso do
aluno assassinado dentro de um colégio não vai ser o último”. Para o
deputado Tadeu Veneri era preciso ouvir os dois lados da questão.
Ele
enalteceu os discursos das estudantes. “Era preciso que nós ouvíssemos o
outro lado. Por que esses meninos de 14, 15, 17 anos, estão ocupando as
escolas? Hoje, quando essas meninas vieram aqui, fizeram uma afirmação
que me parece fundamental. A escola não é do estado, a escola não é dos
deputados, a escola não é dos alunos. A escola é de todos os
paranaenses, e justamente por isso querem uma escola melhor. Eu estou
aqui há muitos anos, e talvez pela primeira vez eu tenha visto duas
meninas falarem para mais de 30 deputados sem que ouvíssemos nenhum
comentário.
Nós saímos todos daqui melhores e com certeza vamos aprender
com esses jovens”. Já o deputado Hussein Bakri (PSD), presidente da
Comissão de Educação da Alep, defendeu que o movimento já deu a
contribuição a que se propôs e ressaltou a posição do presidente da
Assembleia, Ademar Traiano, em abrir espaço para o debate. “Essa é uma
prática da Casa. O presidente Traiano tem se mostrado totalmente
democrático. Estamos cumprindo nosso papel. Eu acho que o contraditório
sempre é bom. A discussão é válida, ainda que não caiba ao Paraná essa
decisão final. Ainda assim acho o movimento válido, mas acabou o tempo
desse movimento. É isso que eles não estão entendendo. Ao mesmo tempo,
eles têm que entender que estão interferindo no direito do outro. Tem
alunos que terão que concluir o ano letivo sabe lá quando”.
ESCOLAS DESOCUPADAS - No
Vale do Ivaí, a Procuradoria Geral do Estado, conseguiu decisões
favoráveis para a desocupação de Escolas em comarcas como: Ivaiporã,
Grandes Rios e São João do Ivaí. Na tarde de 26 de outubro, na maioria
dos municípios, os estudantes estavam deixando os locais de forma
voluntária. Em Curitiba, a Assembleia do movimento decidiu que o
protesto continua, mas deu autonomia para que em cada região os alunos
possam tomar decisões diferentes.
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