*Clodoaldo Bonete/Tribuna do Interior
Bandidos armados
estão tirando a paz de comerciantes em Campo Mourão. Os crimes ocorrem
seguidamente, o que tem causado tensão na classe empresarial e grandes
prejuízos, inclusive para donos de pequenos estabelecimentos. Na manhã de
terça-feira, o comerciante Marciano da Conceição, 38, atendia clientes em seu
estabelecimento, no Jardim Copacabana, quando por volta das 10h40, dois homens
armados chegaram anunciando o assalto. Sem tirar o capacete, ordenaram que os
clientes deitassem no chão, enquanto o comerciante não se deu por vencido.
Lutador de MMA,
Conceição entrou em luta corporal com um dos bandidos e os dois rolaram no
chão. O outro entrou na briga, feriu a vítima com uma coronhada de revólver na
nuca e fez dois disparos no interior do bar. Em seguida os criminosos fugiram
em uma motocicleta vermelha, levando a carteira do comerciante, com R$ 3.200.
Apesar do risco de ter levado um tiro e da orientação da polícia de nunca
reagir a um assalto, Conceição não se arrepende do que fez. “Eu reajo porque me
sinto preparado e porque não entrego os meus bens de graça. Quem quiser roubar
vai ter que suar. Sou lutador de MMA, não fico nervoso e me defendo. Vim de
Curitiba, onde reagi a outro assalto, lutando com três bandidos. Apanhei mais
de 40 minutos, mas sinto que Deus me protege. Confio em Deus e sei que se estou
vivo ainda é porque tenho essa proteção divina”, afirma.
Além
de perder mais de R$ 3 mil no assalto de terça-feira, Conceição fraturou um
dedo da mão e ainda sente dores na nuca. O confronto com os bandidos durou
cerca de dez minutos. O dinheiro levado pela dupla foi fruto de dois dias de
trabalho duro na lanchonete. “Trabalhei dois dias, onde realizei um grande
bingão no meu estabelecimento e o dinheiro havia sido arrecadado também com a venda
de bebidas. Eu até havia falado para alguns amigos que pretendia comprar um
carro, mas esse dinheiro não era destinado para isso”, comentou.
Sobre
a insegurança em Campo Mourão ele
entende que o problema é geral no Brasil e não aponta culpados. “Para se ter
uma ideia, onde eu morava em Curitiba, no Sitio Cercado, são mortos cerca de
25 a 30 por dia, então não vejo que o
problema seja restrito a um lugar. Infelizmente a insegurança existe e não tem
conserto, o que temos que fazer é estar apegado a Deus. Apesar de reagir
sempre, eu não recomendo a ninguém a fazer o que fiz, principalmente se não tem
preparo.”
Mais policias
A
Polícia Militar tem intensificado as ações para tentar dar uma resposta rápida
à população. De acordo com o aspirante Igor Coelho Dorneles, comandante do
Pelotão de Trânsito e da P5 (Comunicação Social) do 11º Batalhão da Polícia
Militar, impedir que aconteçam os crimes é praticamente impossível, mas ele
afirma que muitas prisões são realizadas logo após os assaltos. “A maior parte
dos furtos e roubos tem sido resolvido rapidamente pela Polícia Militar. Quando
isso não é possível os casos são repassados para a delegacia, que também tem
dado resposta rápida. A orientação que temos dado é para que os empresários
evitem acumular grandes quantias em caixa, o que acaba atraindo mais os
criminosos”, afirma o aspirante Dorneles.
Segundo
ele, o número de efetivo do quartel será aumentado em setembro, com a formatura
de mais 40 policiais. “Esses policiais que estarão encerrando o curso já
começam a atuar na rua em setembro e isso vai garantir mais segurança para
todos, inclusive para cidades da região, onde será feita a distribuição de
parte do efetivo”, explica.
Sobre
o caso do assalto ao comerciante do Jardim Copacabana, Dorneles afirma que ele
não deveria ter reagido. “A vida vale mais que qualquer quantia que você tenha
em dinheiro. Os bandidos estavam armados e ele correu risco de vida”, alertou.
Acicam
Na
semana passada membros da diretoria da Associação Comercial e Industrial de
Campo Mourão (Acicam) reuniram-se com as principais autoridades locais da área
de segurança pública para cobrarem solução diante do aumento dos casos de
assaltos e outras ocorrências policiais registradas na cidade ao longo das
últimas semanas. Os crimes contra o patrimônio aumentaram no Município – de
acordo com as próprias autoridades policiais - e várias empresas localizadas na
área central e nos bairros foram assaltadas, gerando intranquilidade e
preocupação.
Sugestões
de ações para enfrentar a crescente onda de violência em Campo Mourão foram apresentadas e discutidas
no encontro. Os representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar afirmaram
que ações estão sendo executadas para combater a criminalidade na cidade. Mas a
orientação aos empresários é que não retenham dinheiro em caixa. De acordo com
o aspirante Dorneles, recentemente uma empresa foi assaltada no dia em que
deveria fazer o pagamento em dinheiro aos funcionários. “Pelo que fomos
informados, os próprios funcionários sabiam que receberiam o pagamento em
dinheiro naquele dia. Isso precisa ser evitado”, completa.
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